Fizemos uma noite de tributo à Howlin’ Wolf no Bourbon Street Music Club, em que a gente celebrou e dançou a música de um dos bluesmen mais influentes de todos os tempos.
Howlin’ Wolf foi um dos pioneiros na encruzilhada entre o rural e o urbano no blues. Com suas origens no Delta do Mississipi, ele aprendeu violão com o icônico Charlie Patton, de quem também incorporou o canto rouco. Depois ele veio a aprender gaita com não menos ilustre Sonny Boy Williamson II. Inovador, ele foi um dos precursores no uso da guitarra elétrica, e contribuiu para a formação da linguagem do blues urbano da Chicago pós 2ª Guerra, para sempre associado à Chess Records.
Sua voz é uma das mais notáveis na história do blues. Embora possa parecer rudimentar, uma escuta mais atenta releva que Howlin’ Wolf tinha uma técnica vocal apurada e potente, podendo ser rouca e gutural, ou ainda nasalada e pra dentro, e mesmo suave e triste. Não importando como fosse, sua voz levava a mensagem da canção direto para o coração de seus ouvintes.
Para além do timbre notável de sua voz, Howlin’ Wolf imprimia um ritmo sofisticado às letras das canções, colocando-as em movimento constante. Desta forma, suas canções são cheias de ginga, sejam elas blues, boogies, drones hipnotizantes de um riff só, ou mesmo o que hoje identificaríamos como rock com muito roll.
Sua voz, aliada a seu grande porte fisico e teatralidade, faziam com que ao vivo ele fosse ao mesmo tempo fascinante e ameaçador. Tendo transformado o que aprendeu com seus mestres em algo legitimamente seu, Howlin’ Wolf obteve grande reconhecimento artístico, se igualando ou mesmo sobrepujando a seus ídolos, e influenciando incontáveis artistas.
Algumas das canções que ficaram famosas na voz de Howlin’ Wolf são: Smokestack Lightnin’; How many more years; Evil; Who’s been talking; Back door man; Spoonful; Shake for me; I ain’t superstitious; Little red rooster; Wang Dang Doodle.